Há muitas histórias de quem se perdeu no mundo, pois se envolveu com os descaminhos da vida em busca do sucesso. Podem até parecer narrativas repetidas, mas não são. Para ilustrar, há um ditado popular que diz que o diabo mora no detalhe. E, realmente, o mal se aproveita das brechas espirituais para se propagar. É no detalhe que vemos as diferenças de histórias que, em uma primeira olhada, poderiam parecer iguais a outras que já conhecemos.
Veja o caso de Carlos, mais um brasileiro nascido, há mais de 30 anos, no Norte do País, precisamente, em Araguaína, no Tocantins. A cidade já foi a segunda mais populosa do estado e a mais importante depois da capital, Palmas. Porém, é claro que isso não é sinônimo de prosperidade para todos. É um pequeno detalhe, mas que faz grande diferença.
Na família de Carlos, o objetivo principal era a sobrevivência. A vida já não era fácil para os pais dele, que tinham dificuldades para criar o menino e mais cinco irmãos. A situação se agravou quando o chefe da família faleceu. Carlos tinha 6 anos. Como saída, foram tentar a vida em outra cidade. Acabaram por mudar-se para Santa Cruz dos Milagres, no interior do estado Piauí, na região Nordeste do País.
Mudanças radicais
Com o passar do tempo, Carlos viu que não teria muitas perspectivas de prosperidade morando em Santa Cruz dos Milagres. O ímpeto juvenil o fazia querer mais. Pensou em uma solução. Depois de pesar os prós e os contras, resolveu mudar de estado. Assim como tantos outros que deixam o Norte e o Nordeste do Brasil em direção aos grandes centros urbanos, Carlos queria tentar a sorte.
Com 18 anos, o rapaz mudou-se para Pontal, que fica na região de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. O plano dele era continuar os estudos, conseguir emprego e evoluir um nível acima da simples sobrevivência. Porém, na prática, a vida lhe apresentou outros caminhos.
Escolhas erradas
Em Pontal, o primeiro trabalho dele foi na lavoura de cana-de-açúcar. Atividade dura, pois começa um pouco antes do sol nascer e só acaba quando o dia está para terminar. Depois, Carlos foi fazer o curso de torneiro mecânico em uma escola da cidade.
Os detalhes fazem diferença em nossas vidas. Uma escolha pode determinar o sucesso ou a derrota. Com Carlos não foi diferente. Na escola, ele conheceu um colega que estava envolvido com o mundo das drogas. Logo, Carlos vislumbrou uma maneira de mudar sua condição financeira.
Ao escolher uma amizade errada, ele abriu uma brecha para que o mal se fortalecesse em sua vida. O colega de escola estava envolvido, também, com estelionato. E não tardaria para que o jovem vindo do Norte também se envolvesse com as contravenções e com a bebida.
Carlos fez tatuagens pelo corpo (foto ao lado) e ganhou o apelido de Moá. São poucas as pessoas que conhecem o rapaz pelo nome verdadeiro na cidade. Com o tempo, ele juntou dinheiro e montou um lava-rápido, mas o empreendimento tornou-se, na verdade, um ponto de encontro para traficantes e ladrões.
Sendo um local para a disseminação de drogas, logo o jovem passaria a ser visado pela polícia. As escolhas erradas tornaram-se lugar comum na vida dele e Carlos começou a praticar golpes de todos os tipos.
Virou integrante de uma quadrilha de estelionatários que lesava outras pessoas das mais diversas formas. Ele lembra que roubava documentos, era agiota e revendia carros roubados em outros estados. Tudo em nome da ambição de ter mais e fugir da pobreza.
Pacto maldito
Certo dia, depois de obter a identidade de um jovem já falecido, Carlos se preparava para um novo golpe. O plano era colocar uma foto sua no documento e, em seguida, usar a identidade roubada para abrir contas em bancos e ter acesso a financiamentos e dinheiro.
Quando estava em casa, ele teve um pensamento mais terrível ainda: fazer um pacto com o diabo. Ele nem sabia como isso funcionava, mas a ideia ficou forte demais em sua cabeça. Porém, dias depois, sentado na sala de casa, ele viu uma imagem, em sua mente: estava sendo preso pela polícia, dentro de um banco, depois de tentar se passar pelo jovem morto. Ele conta que a imagem era muito clara em sua cabeça, como se estivesse, realmente, ocorrendo.
Aquilo o deixou perplexo e Carlos desistiu do golpe. O jovem começava a ter problemas de consciência com os males que causava aos outros. Ele pensou em mudar de vida, mas não tinha a quem recorrer. Além disso, ele possuía muitas dívidas. Devia, inclusive, a outros agiotas que haviam lhe emprestado dinheiro.
Começo da mudança
Para pagar suas dívidas, Carlos era implacável em suas cobranças. Procurava cercar seus devedores de todas as formas. Um dia, porém, ao discutir com um deles, em plena rua, algo diferente aconteceu. Uma obreira da Universal, que conhecia Carlos da vizinhança, havia recebido um frasco de óleo ungido e a orientação de que, ao deparar-se com alguém que estivesse com problemas, derramasse o azeite no chão para ajudar.
Ela percebeu que algo estava acontecendo ao passar pelos dois, durante a discussão, e agiu conforme havia sido direcionada. Naquela hora, aquilo não fez sentido algum para Carlos, que só mais tarde foi entender a ação. Ele ainda resolveu investir uma segunda vez contra o seu devedor e foi até a casa dele para cobrar a dívida.
Os dois estavam em uma situação difícil, porque haviam trocado juras de morte no primeiro encontro. Ao chegar à casa do devedor, Carlos conta que sentiu-se muito mal, pois, enquanto conversava com a família do dele pensava em matá-lo para recuperar o dinheiro.
Carlos acabou desistindo de cobrar os R$ 20 mil que lhe eram devidos, pois ficou com pena da situação na qual o devedor se encontrava. Ele era viciado e estava tendo uma crise de abstinência enquanto Carlos estava na sala conversando com os familiares do rapaz.
Livramento I
De acordo com Carlos, mesmo não tendo se entregado ao Senhor Jesus ainda, Deus o livraria de situações nas quais ele não tinha saída. Certo dia, voltando de uma cidade vizinha, depois de comprar várias drogas para traficar, ele se deparou com uma blitz policial.
Carlos conta que o carro dele era muito visado e chamava atenção da polícia: tinha película escura nos vidros e rodas rebaixadas. Além disso, no rádio do carro, ele só ouvia rap com o volume no máximo.
Mas, naquele dia, ele passou sem ser notado pelos policiais, como se fosse invisível. Com a quantidade de droga que tinha no veículo, Carlos poderia passar o resto da vida na prisão, caso fosse pego e condenado. Aquela situação o fez pensar, mais ainda, em mudar de vida.
Livramento II
Em outra ocasião, Carlos se envolveu com a ex-mulher de um traficante que estava preso. Apesar de não estar mais casado, o bandido queria ter uma “conversa” com Carlos. Ele conta que chegou a receber ligações do traficante, vindas diretamente do presídio, tentando intimidá-lo.
Carlos descobriria, depois, que sua morte já havia sido encomendada pelo bandido e tinha até data marcada: dia 16 de outubro de 2009. Mas antes que isso ocorresse e sem saber que estava com a cabeça “a prêmio”, Carlos resolveu ir até a Universal de Pontal.
Na Universal
Lá chegando, conversou com um obreiro, que pediu que ele entrasse e acompanhasse a reunião. O rapaz gostou do que viu e ouviu. Carlos conta que, no dia seguinte, aconteceria uma festa tradicional na cidade, mas ele não sentiu vontade para ir à comemoração. Quando foi para o lava-rápido trabalhar, os comparsas e empregados não apareceram. Sabiam que ele havia ido para a Igreja e se afastaram rapidamente dele.
Depois disso, o rapaz soube dos boatos de encomenda de sua vida, mas que o traficante havia desistido de matá-lo com o fim do relacionamento entre Carlos e a ex-mulher do bandido. Carlos entendeu que Deus o havia livrado mais uma vez. Aquelas situações foram a gota d’água para que Carlos compreendesse que Deus reservava algo especial para a vida dele.
Usado por Deus
Carlos está realmente mudado e sabe que é usado por Deus para ganhar e salvar almas. Depois de passar mais de 3 anos envolvido com o tráfico de drogas, agiotagem e estelionato, ele teve a vida transformada quando decidiu conhecer o Senhor Jesus na Universal. Segundo ele, não foi uma mudança rápida, mas Carlos conseguiu vencer, aos poucos, as tentações de envolver-se com as contravenções.
Nesse intervalo de tempo, morou em uma casa de prostituição com um amigo e reconhece que, somente pelos planos de Deus, nunca foi preso.
Hoje, aos 35 anos, Carlos Nembleque Cunha e Silva, o Moá, prepara-se para casar no mês de julho deste ano. Sua noiva é Képori Bombo (foto ao lado), de 29 anos. Carlos vendeu o antigo lava-rápido que tinha e, hoje, tem outro estabelecimento no centro da cidade (foto abaixo). Ele é obreiro da Universal em Pontal e organiza ações no presídio da região para ajudar e evangelizar os presos.
Em uma dessas atividades, Carlos encontrou uma mulher com quem tinha tido um caso, no passado. Ele conta que, na época de seu envolvimento com ela, a moça ainda estava casada e os dois haviam sido surpreendidos pelo filho dela. As consequências foram inevitáveis: o casamento dela acabou e a relação entre Carlos e ela também.
Ao conversar com ela no presídio, Carlos soube que o atual marido dela estava preso. Desgostosa, ela falou que não havia mais solução para o esposo. Carlos olhou para ela e disse com convicção: “Há solução sim. Olhe para mim. Eu mudei e se isso aconteceu comigo, Deus pode mudar o seu marido. Procure por nós na Universal que vamos lhe ajudar.” Ela balançou a cabeça, respondendo que sim. Mais uma vida a ser transformada pelo Senhor Jesus.
Fonte: arcauniversal.com
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